Subsídios - pág. 31
de uma alegria plena. Risadas altas, e pilhérias, são muitas vezes o invólucro de que satanás se serve para esconder a tristeza que devora os corações de seus escravos.
Certo homem foi ter um dia com o médico, a fim de consultá-lo. Queixou-se de uma melancolia de tal forma angustiosa, acabrunhadora e que a vida se lhe ia tornado rapidamente insuportável.
O médico examinou-o cuidadosamente. Por fim disse-lhe que não tinha enfermidade alguma e que não precisava senão de algum divertimento.
“Leia qualquer romance pilhérico; será isso o melhor remédio para o seu mal.”
O homem sacudiu a cabeça negativamente, como que pondo em dúvida a receita do doutor.
“Bem, então vou dar-lhe outra receita: Vá a tal teatro que verá em que instante ficará livre dessa sua tristeza.”
Nova negativa da parte do consulente, o qual parecia já haver experimentado tudo isso. “Nesse caso,” disse o médico, “resta um só meio que poderá ajudá-lo a sacudir de si essa sua melancolia. Se falhar, fico com os meus recursos esgotados mas não há de falhar! Tenho certeza.”
“Que meio será esse, senhor doutor?”
“Vá ouvir o notável palhaço que chegou à dias com o circo de cavalinhos; que está atraindo tamanhas enchentes; há de sair do circo completamente curado. Esse palhaço é um verdadeiro médico terápico.
“Ah, doutor!” exclamou o pobre homem com voz repassada de angústia desoladora.
“Estou perdido! A sua receita não serve de nada! Aquele palhaço sou eu! Eu mesmo, doutor.”
Muitas pessoas há que poderiam contar experiências idênticas.
Nos seus ouvidos soam duas vozes – Uma do mundo oferecendo prazeres sem fim, fazendo o possível para abafar a outra voz, que, como uma branda viração, lhes convida ternamente:
“Vinde a mim, todos os que andais em trabalho, e vos achais carregados e eu vos aliviarei!” (Mateus 11: 28.)