Ela é surda

02-09-2017 11:00

 

Ela é surda

        Olá! Balançava-se levemente o belo canarinho na ponta da ramada de um arbusto, cantando alegremente parecendo saudar todos os raios do sol naquela manhã.

        O sagüi piscando admirado disse que o pequeno passarinho talvez estivesse agradecendo o sol por ter pintado as penas dele da mesma cor dos seus raios.

        Vendo-se admirada a pequena ave, envaidecida redobrou seus trinados abrindo mais as suas asas e o seu biquinho para cantar com mais força.

        Os macaquinhos cada vez mais estupefatos, sem fazer qualquer comentário piscavam ininterruptamente.

        Subitamente sem que ninguém visse de onde, surgiu uma cobra que num bote fulminante apanhou a inocente e a esmagou com os seus anéis mortíferos, carregando-a logo para um lugar onde, com segurança pudesse devorá-la.

        As víboras não têm orelhas, sussurrou um dos símios, enquanto ambos se afastavam cautelosamente.

        Quantos serpentarios por aí se arrastam sem qualquer sensibilidade para com todos os gestos de beleza ou de bondade de que os humanos são capazes! A ave mais bela e do mais puro cantar, para a víbora rastejante, surda é apenas alimento.

        Ó vós que cantais as melodias da virtude, do bem, do trabalho, da honra, cuidado! Há sempre uma víbora surda, perto de vós. Nunca vos envaideçais com a beleza nem com o colorido de vossas plumagens que vos ornamenta.

        Com o colorido ou sem, amamos a todos. Portanto, não se furtem de se expor na beleza estética; na voz, ou no amor ao bem estar da vida.

Que Deus aprove seu sistema de viver, se este não desonrá-lo

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